RODEIO GAÚCHO
I
O Rio Grande se fez grande
Nas patas de seus cavalos
E estas façanhas que falo
Escrita a ponta de adaga
Fazem parte de uma saga
De um povo altivo e altaneiro
Do gaúcho brasileiro
Deste Brasil continental
Que na pampa meridional
Deixou a marca de guerreiro
II
Para recontar a história
Das façanhas e seus feitos
O gaúcho abre o peito
Numa espécie de resgate
Transformando o embate
Das guerras e revoluções
Em poemas, gaitaços e canções
Onde numa cancha de rodeio
De pingo alceado no freio
Faz do guerreiro, um peão
III
Um rodeio é o reencontro
Do guerreiro que há em nós
Com o gaúcho, que em alta voz
Vai narrando a gineteada
É quando a bandeira encarnada
Confirma o tiro de laço
Mostrando que braço é braço
Levantando a arquibancada
E o piá na vaca parada
Vai dando os primeiros passos
IV
Por isso é que num rodeio
Eu comigo me encontro
E a cada pingo que monto
Do mundo me sinto dono
O cavalo é o próprio trono
Do gaúcho em seu reinado
E se o potro é aporreado
Eu me sustento na crina
Se rodar, saio por cima
Levanto e largo domado
V
E por isso que eu tenho orgulho
De ter nascido gaúcho
Me criei queimando cartucho
Na defesa deste chão
Sou filho da tradição
E deste pago sou herdeiro
Trago a alma de campeiro
Nas rodilhas do meu laço
E nas patas do meu Picasso
A marca do missioneiro
VI
Na pampa continental
O gaúcho foi sentinela
E na pátria verde amarela
Fez mapa divisa e fronteira
E pra cobiça estrangeira
Jamais afrouxou o garrão
De lança firme na mão
Desenhou a geografia
Demonstrando valentia
E amor por este chão
VII
E foi assim que o gaúcho
Foi moldando sua estampa
A própria imagem do pampa
No velho estilo campeiro
Serrano pampeano ou missioneiro
Ser gaúcho é um regalo
Não venham cantar de galo
Que o gaúcho tem história
E escreveu feitos e glórias
Nas patas do seu cavalo
VIII
É por isso que eu defendo
Com unhas e dentes o Rodeio
E se for preciso peleio
Até com o toco do facão
Em defesa da tradição
A minha voz se levanta
(Evoco minha ira santa)
Ninguém me cala a garganta
Respeitem nossa cultura
Nada no mundo segura
Quando um povo se levanta
IX
Eis as razões da importância
Do nosso Rodeio Crioulo
Que é raiz, é cepa é manjolo
Da cultura e do atavismo
É na essência o gauchismo
Rememorando seus feitos
Por isso eu abro meu peito
Para dizer a toda nação
Que esta é nossa tradição
E o que exigimos é respeito
POMPEO DE MATTOS
Deputado Federal
PDT/RS